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Odeio os evangélicos? Não, não conheço todos eles, felizmente. Também nem poderia odiar a todos; amo minha mãe, já disse. Mas, definitivamente, posso dizer que a “prática evangélica” (parafraseando a expressão “prática homossexual”, proferida pelo pastor e apresentador de tevê Silas Malafaia), ainda que não me atinja diretamente, me incomoda pacas. Não me ofende, porque não dou crédito, não atribuo valor, não acolho. Respeito o direito de existir. Cada qual edifica os templos e terreiros que quiser, se quiser: este país deve assegurar isso. Prefiro, entretanto, a convivência com evangélicos não praticantes, admito. Questão de afinidade apenas, de poder bater um papo equilibrado. E também não sinto nenhuma propensão a agredi-los verbal ou fisicamente. Minto: às vezes sinto, em casos mais extremados, tenho nervos, mas me contenho, procuro ser um cidadão correto.
Digo isso porque compreendo que líderes evangélicos tenham se arvorado contra a aprovação do PL 122/2006, o projeto de lei que, ao ver deles, criminalizaria qualquer crítica à homossexualidade. Embora tenham deturpado o quanto puderam uma lei que impediria que violências simbólicas e físicas continuassem a vitimar milhões de brasileiros, eu também me sentiria amputado se (mal) entendesse que não poderia por lei, por exemplo, dizer aqui que considero a maior parte dos evangélicos arrogante, importunadora e separatista.
Mas que bom que eu posso também, amparado pela lei e com o aval de líderes evangélicos defensores do direito incontestável da liberdade de culto, afirmar que, no meu agnosticismo, que é a minha crença, creio piamente que evangélicos, tal como agem, caso houvesse céu, não iriam pra lá com tanta facilidade. Que bom que eu não tenho disposição física ou psicológica pra dissuadi-los de suas convicções, senão certamente me tornaria um arrogante, importunador e separatista, como tantos...
Em suma, quero dizer a todos aqueles encaminhados ao fogo do inferno pelos evangélicos que deixem que digam, que pensem, que falem... Mas não deixem, em hipótese alguma, que, nesta vida mesmo, os insultem, caluniem, ameacem, violentem, demitam, discriminem, privem de direitos, porque isso já é outra coisa.
Deixem que o pastor Silas Malafaia prefira viver numa espécie de cegueira ou coma induzido ao ignorar a estabilidade que têm tantas famílias encabeçadas por homossexuais. Deixem que o senador (isso mesmo, senador!) Magno Malta confunda a liberdade de orientação sexual com crimes sexuais como a pedofilia. Deixem que o padre Luiz Carlos Lodi da Cruz diga que “o homossexual, por ter escolhido livremente praticar esse vício, deve arcar com o ônus de sua opção”. Se os discursos inflamados e os pulinhos irritantes de Silas incomodam, mudem de canal, como eu. Se as pregações dizem que os gays que não se converterem em heterossexuais vão ao inferno, que vão fazer lá?
Se algo apenas me incomoda, fecho os olhos, tapo os ouvidos, viro a cara pro lado, retiro-me, poupo-me de incômodos, não permito que me importunem. Mas, se alguém me violenta, verbal ou fisicamente, me ofende ou discrimina segundo critérios nada razoáveis, dou uma queixa na delegacia mais próxima.
1 comentários:
fantastico
adorei o blog, voces escrevem bem... quero acompanhar sempre... receber emails de atualizacao tudo....
adorei
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